Estamos quase no Natal, e esta data nunca a vou esquecer.
Há 7 anos estava eu a espreitar através da vidraça da minha janela a rua quando me deparo com algo que me deixou desconcertada.
Estava um frio , mas um imenso frio , e chovia torrencialmente .
Até limpei o vidro que se tinha embaciado, para ver se era real o que estava a presenciar.
O cãozito estava sentado no meio da estrada, como se estivesse a olhar para mim e a pedir tira-me daqui.
Chamei um dos meus filhos.
Apressámo-nos a tirá-lo dali. Ele não se mexia dali, mesmo os carros passando ao seu lado e parecia indiferente à chuva que caía.
Dei-lhe um belo banho de água quentinha, e comer. Agasalhamo-lo.
Tão mansinho.
Começámos a questionar-nos de quem será? Será que se perdeu?
Começámos a estranhar que ia de encontro às coisas, pensamos que fosse de estar fraquinho.
No dia seguinte resolve-mos não o meter na rua, pois continuava a chover.
Acho que ficámos todos apaixonados (família) por ele.
Resolve-mos levá-lo à veterinária.
Ficámos de rastos, a mim corriam-me as lágrimas sem parar.
O cãozito que eu tirara da rua eu acabara de o salvar de uma morte certa.
Era ceguinho dos dois olhos, era já velhote (nem dentes tinha) e um grave problema de coração).
O Yupi como nós já o tinha-mos baptizado aninhava-se no meu colo , como que a pedir protecção.
Olhámos um para os outros e só dizia-mos, como é que a pessoa que o criou foi capaz de abandonar um animal com estes problemas todos.
Ele já era nosso, acho que foi Deus que colocou este presente à nossa porta, como que a nos testar.
Para saber como reagiríamos, como seria nosso poder de amar o próximo, pessoa ou animal.
Só pode ter sido Deus que o colocou no nosso caminho.
O Yupi não via , mas já me tinha adoptado desde o primeiro dia como sua companheira e amiga, todos os passinhos que eu dava ele dava comigo.
Foram dois anos, muito felizes, foi muito amado e querido.
Quando chegou a altura de nos dizer adeus, a veterinária quis abatê-lo, mas eu não deixei, levei-o para casa para o conforto do seu lar e foi nos meus braços, no meu colo que nos disse adeus.
Levantou a cabecita como que a agradecer ter estado connosco.
Ainda hoje passados estes anos recordo-o com imensa saudade.
Também os animais podem ser mais uma das estrelinhas no céu.
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